sexta-feira, 24 de julho de 2009

MINHA MALETA ERA UM SACO, MEU CADEADO ERA UM NÓ

(Wellington Vicente)

Quando saí do Sertão
Há muito tempo passado
Mamãe me deu como agrado
Um saco de algodão
Cheio de recordação
Do meu velho Cabrobó
A bênção da minha vó
Desviou-me do buraco
Minha maleta era um saco
Meu cadeado era um nó.

Trouxe meu velho pandeiro,
Uma peixeira, um anel,
Um folheto de Cordel,
Patuá de benzedeira,
O meu pião, a ponteira,
A carrapeta, o bozó,
Cachaça no mororó
Pra quando estivesse fraco
Minha maleta era um saco
Meu cadeado era um nó.

Trouxe a pedra de amolar,
A foto de Padim Ciço,
Reza de quebrar feitiço
(No caso de precisar).
Ainda pude lembrar
Dum disco de Matricó
Um bilhete do xodó
Tinha também no bisaco
Minha maleta era um saco
Meu cadeado era um nó.

* * *

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